Eu posso ser o Seu Demônio.

A Bailarina me disse que a Briza disse a ela: "Escrever é desenhar o que se sente..." A Briza estava certa!

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Location: Recife, PE

Monday, October 24, 2005

Meu crepúsculo


Meu doce por do sol, por que somos tão melancólicos?
Será mesmo tristeza que nos toma e destrói sem perdão?
Carrego a culpa e a preguiça sob meus ombros...
Meu doce por do sol, permita-me chorar apenas uma vez...

Por traz dessa mascara sem expressão, existe um ser humano,
Que tenta todos os dias, olhar para os lados e achar um caminho...
Mas as paredes de vento não se dissolvem com o tempo,
Meu doce por do sol, quanto tempo eu esperei?

Pressinto que os dias serão mais cruéis conosco...
... Agora que tomei a decisão de partir...
Irei sem chorar, meu doce por do sol,
Não porque sou forte, e sim porque não sei sentir mais nada,

Tocarei a tua face um dia, se um dia te encontrar novamente,
Não te farei promessas felizes, como nunca te fiz antes...
Mas, quem sabe, uma suposta paz não está por vir?
Adeus, amado por do sol, morro contigo, mas não volto ao alvorecer...

Sunday, October 23, 2005

Ampulheta.

O meu velho pai nunca tinha visto a luz do sol, vida sem luz, perdido em pensamentos.
Não sei o verdadeiro motivo de sua morte, morreu com um semblante sorridente, como se a vida lhe tivesse valido, como se todo o seu sofrimento estivesse sido recompensado por um gesto seu.
_Lucile! Traga-me o tão estimado artefato.
_Ele chamou este objeto de “Ampulheta”, para ti pode não significar nada, caro Hermes, mas esta ampulheta era a única obra de que ele se orgulhava. Parece-me um artefato de arte, mas ele me dizia que com este objeto estranho, poderíamos aprisionar um espírito mágico que seria o ícone de todas as coisas boas e ruins que o nosso mundo haveria de passar.
“Hermes achou o discurso do amigo Tales um tanto quanto exagerado, com requintes de misticismo, vanglória ao falecido pai e religiosidade." Ao mesmo tempo observava atento a tão estimada Ampulheta.
Hermes “não via sentido algum em um recipiente de vidro, afunilado no centro, contendo areia colorada em seu interior”.
_Tales, desculpe-me a indiscrição, mas eu sinceramente não vejo tanta magia neste frasco de vidro, também não consigo compreender tal força que tenha o poder de mudar o curso de nossas vidas desta forma. Para mim quem tem tal poder somos única e exclusivamente nós, homens, mas não posso negar a sua beleza. Seu pai era um artista!
O sol começava a sumir no horizonte, Tales observava a aurora, pensando em tudo o que ele tinha feito ao longo da sua vida, os amores, as vitórias e as lembranças deprimentes de suas derrotas. Ele realmente precisava de algo que lhe trouxesse de volta o prazer de viver.
“A minha vida está se pondo com o sol”, pensava ele, mas no fundo de sua alma cansada, Tales sabia que algo de extraordinário estava para acontecer. Ele renegava este sentimento, mas a imagem de seu pai e ao olhar aquele objeto, Tales sentia extrema força. Seria este o motivo de sua esperança?
Ao amanhecer em um dia nublado e frio, Tales se viu tomado por um forte desejo de mudança, estava farto de ser mais um homem sendo carregado pelos efeitos de uma maré de acontecimentos que naquela época não se tinha uma explicação concreta, tudo era muito misterioso, só se descobria à verdade se corresse atrás de suas próprias conclusões, Tales nunca havia feito isto antes, preferiu sempre se acomodar com a mitologia e as explicações de quem lutava para consegui-las.
Ele queria entender que correnteza era aquela que levava e trazia as pessoas e os fatos. Cheio de dúvidas, Tales não sabia por onde começar, pensar mais além era um costume desconhecido para ele, mas em seu pensamento tudo o que ele precisava estava na ampulheta que herdara do seu pai.
Realmente Tales acreditava que havia algo de incomum naquele objeto e que o ponto forte da sua busca seria a observação, primeiro da ampulheta, depois da correlação que ela tinha com o mundo exterior.
No início deste longo período de introspecção, Tales começou a observar os fenômenos naturais que lhe rodeavam, notou que o sol nascia de um lado do céu e morria do lado contrário, notou que os homens e todos os outros seres vivos sofriam um processo de envelhecimento. Portanto, Tales concluiu que “tudo tem o seu começo e o seu fim”.
A vida realmente é assim, diferente da ampulheta, que ao ser virada recomeça em sua simplória atividade...
Anos depois Tales morre, sem saber ao certo a verdadeira correlação da ampulheta com a vida...



Pois bem, caros amigos, entender o tempo é tão difícil quanto entender a razão de existir.